terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Fragmentos de Twittter: Quando as idéias não cabem em 140 caracteres

Algumas frases destas, estão no meu twitter (cunhacarlosk) e, como o próprio título 'diz', não se limitaram a alguns caracteres  repercutidos aos meu parcos, mas valorosos followers.
Como estas idéias veem à cabeça? No meu caso, através do observar cotidiano, que muitas vezes me pega desprevenido e precisa ser memorizado ou registrado  de alguma forma. Graças à tecnologia (ou será não?) elas viajam pelo espaço cibernético, nesta 'second life' a qual incorporamos na nossa 'first life' e perambulam ao encontro de mentes mais abertas.
Ocorre que hoje, ao abrir meus e-mails detectei uma quantidade de mensagens que não consegui ler. Muitas delas datam de 6 meses atrás. Por isso, reuni meu reservatório de idéias e, à guisa de não truncar ou sintetizar demais a informação, resolvi escrever este artigo.
Alguns leitores vão me caracterizar ou me 'pejorar' como arcaico por tentar ser tão prolixo nas explicações, mas é que não me habituei ainda aos 'tks, vlw, aishuashuashuas' e, por isso, me expresso em meios modernos de maneira sinceramente culta (sem falsa modéstia).
Só aproveitando o gancho, do jeito que anda escasso o vocabulário na web, cada vez mais copiado nas relações, em poucos anos, o homem terá à mão equipamentos de alta tecnologia, GPSs superavançados, mas manterá apenas uma relação visual com eles - não terá capacidade de transpor e decodificar o que a máquina sugere, servindo apenas como um reprodutor de suas vontades, sem expressões vocálicas ou murmúrio de palavras. Empregando uma figura melhor com relação ao GPS: durante um pedido de um endereço, buscaremos nossa bússola high tech e com sons guturais, mostraremos ao interlocutor a rota traçada na tela - não precisaremos falar, já que o Android falará por nós (ou nós é que seremos os andróides, híbridos de humano e tecnologia?) tornando obsoleto o nosso aparelho fonador. Mas, elucubrações à parte, vamos ao que postei no twitter, traçando um paralelo entre mensagens não lidas e currículos enviados via e-mail:

Com a quantidade e velocidade da informação, já começo a duvidar das empresas que captam currículos via 'trabalhe conosco'.
Se eu, um simples mortal, tenho na minha caixa 2374 mensagens não lidas, imagina o quanto de currículos estas empresas recebem todo dia!
Portanto: se eu fosse uma empresa com 'banco de talentos' não teria tempo de ler; sendo assim, seu currículo poderia estar entre as minhas mensagens não lidas.
Tudo bem. Você vai alegar que os candidatos (que boa palavra herdada dos romanos e que perdeu o sentido através dos tempos!) são escolhidos através de softwares que possibilitam tal processo através de tags (palavras-chave) mas, mesmo assim, haja controle e cruzamento de dados eficazes para atender uma demanda deste porte!
É por isso que muita gente termina a faculdade e se engaja em concursos públicos para se tornar um inútil funcionário que fica atrás da mesa repetindo informação para uma fila sem fim durante o dia inteiro.
Nesta semana, vi uma entrevista com o João Luíz Woerdenbag Filho, mais conhecido como Lobão, polêmico cantor dos anos 80, que foi demonizado por dizer uma coisa que as pessoas odeiam: a verdade. Na entrevista, ele dizia que a última coisa que um ser humano capaz pode querer na vida é ser um funcionário público e fez uma analogia que creio ser desnecessária reproduzir aqui.
Mas é assim que a coisa funciona (ou emperra): uma pessoa capaz, recorre a todos os meios de preparação para 'ser alguém na vida': se profissionaliza, se aperfeiçoa e no fim (ou começo?) acaba tendo de enviar seu currículo através de ferramentas que, apesar de modernas, não demonstram eficiência e, sendo assim, acaba por abandonar o sonho da produtividade em prol de salário fixo, estabilidade e um bundão na cadeira até a aposentadoria por tempo de 'serviço'.

Finalizando com o clichê 'morde-assopra': a alusão ao funcionalismo público exime aqueles que se esmeram no exercício da profissão e honram não só o nome da instituição a que pertencem, mas também o próprio. Assim como na iniciativa privada, existem os bons e os chamados 'oreia-seca', como dizia um dos meus professores da faculdade.

É isso.

2 comentários:

Rodrigo Fernandes disse...

Você está ficando insuportável...felizmente. Recomendo Vilém Flusser, já falecido, filósofo e filho da puta!

Anônimo disse...

Muito bom, Carlos! Concordo com você principalmente nos quesitos 'vocabulário na web (e fora dela); seção Trabalhe Conosco das empresas, que nos faz pensar na possibilidade remota de sermos "chamados" para uma seleção (não querendo generalizar) e funcionalismo público. É claro que tenho um irmão funcionário público, muito inteligente e que luta muito para não deixar o seu bundão na cadeira.
É isso! 2
beijão