terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O óbvio TAMBÉM precisa ser dito


Olá, pessoas!

Como todo blogueiro, costumo ter um caderninho para guardar ideias.
Ah! Os meus colegas publicitários com certeza dirão que ideia não se guarda.
Isto é óbvio: ao utilizarmos uma boa ideia em um projeto (seja ele corporativo ou na vida pessoal) sempre vem outra ideia mais criativa para o próximo projeto e assim sucessivamente. Quando guardamos uma ideia, abortamos a possibilidade de termos uma ideia mais criativa.
Mas, quantas vezes um tema nos assalta e estamos impossibilitados para desenvolvê-lo ou ficamos procurando um argumento que venha endossá-lo?
Daí, a necessidade de termos um lápis e um caderninho de anotações para esperarmos o momento oportuno.
Falando nisso, este título está na fila aguardando há, pelo menos, uns 6 meses. Isso mesmo: 6 meses!
Agora, ele vem a calhar devido ao fato que tomou conta de uma das principais revistas do país: a Exame.
No artigo, consta que a diretora de criatividade da Blackberry (as empresas se utilizam destes artifícios para aproximar a marca do seu target: Will.i.am, Lady Gaga são outros exemplos) a cantora Alicia Keys foi pega enviando mensagens nas redes sociais através de um dispositivo que utiliza o sistema iOS, portanto, do seu maior concorrente.
O curioso é saber que a Blackberry foi líder no segmento smartphone, tendo perdido essa liderança justamente para a Apple, fabricante do iPhone, que utiliza este sistema.
Ao ter a divulgação comentada, a cantora e diretora de criatividade se desculpou dizendo ter tido sua conta no Twitter hackeada.
(não que tenha realmente acontecido, mas também é uma desculpa óbvia).
Levando para o termo corporativo, quantas empresas se esquecem de informar seus colaboradores sobre suas tarefas básicas, achando que eles já saibam o que deve ser feito.
Com isso, grandes lacunas se abrem dentro das organizações que, a exemplo da Blackberry, podem até investir milhões em publicidade mas se esquecem de alertar o seu board sobre questões simples: neste caso, não usar aparelhos do concorrente. Aliás, a primeira medida quando empossou a diretoria de criatividade, deveria ser substituir todos os aparelhos.
A informação deve ser não só controladas, como também discutida nos seus mínimos detalhes, pois eles podem fazer toda a diferença.
Quantos de nós já não vimos um exemplo como este?
Uma empresa contrata um estagiário e o RH não lhe informa que sua tarefa será auxiliar o seu superior imediato. Isto é óbvio. Este, por sua vez, acha que o RH já informou ao estagiário das suas funções e que 'não precisará passar o que deve ser feito'. Óbvio. Como nada foi passado de antemão, o estagiário começa a perambular pelos demais setores com cara de cachorro caído de mudança sem saber o que fazer. O funcionário antigo começa a achar que o estagiário está perambulando por pura vadiagem (óbvio) e, ao invés de informá-lo sobre suas funções, decide ganhar uns pontos com o chefe (óbvio). O chefe pega marcação com o novato (óbvio) e, ao pensar que este foi informado pelo RH (seria óbvio), o demite na primeira oportunidade por não executar sua tarefa (também óbvio). Ao ser demitido, o ex-estagiário leva uma ideia negativa da empresa (óbvio) que até tinha boas intenções com ele (óbvio) mas não soube informá-lo.
Na vida pessoal também é assim: quantas vezes não esquecemos de perguntar e de falar o óbvio?
Vamos ao mercado e, ao comprarmos frios nos esquecemos do pão, e, ao chegar em casa e sermos perguntados sobre a falta do pão, nos defendemos com a pergunta: Mas era pra comprar? Por que você não falou? E recebemos a réplica: Por que você não perguntou?
Nas empresas acontece o mesmo: ao omitirmos o que seria o óbvio, damos razão e força para ambas as partes, mesmo que estas não estejam devidamente certas.
Por que você não falou? Porque você não perguntou.
O óbvio TAMBÉM precisa ser dito, pois nem sempre o outro está pensando o que achamos que ele esteja pensando. Geralmente não está.
No caso da Blacberry, nem a diretora de criatividade estava.
É isso.