segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Se importam uma ova!


Se importam uma ova!
(Ou: Como fazer gracinha usando um País)

Olá, pessoas!

E o que era pra ser um levante de conscientização se transformou numa batalha lúdica do bem contra o mal. 
O clima de comoção tomou conta do país.
E como toda comoção, a racionalidade passou longe.
Pessoas sem a mínima noção do que estavam falando – comunistinhas de cursos intensivos com duração de 3 meses -  alardeavam aos 4 ventos que se importavam com o futuro do país que, sabiamente (coitados!) juravam estar construindo com apenas 2 botões.
É de rir ou não?
Daí, o termo utilizado por uma candidata caber bem nesta simples reflexão:
Se importam uma ova!
Com que racionalidade, uma pessoa que acha que o Brasil foi descoberto há 12 anos, pode discutir sobre temas sociais como projetos governamentais voltados à bolsas, cotas  e moradia?
Com que racionalidade, uma pessoa, que acha que o Brasil foi descoberto há 12 anos, pode discutir temas relacionados à educação profissional se sempre estudou em colégios particulares, quase sempre bancados pelos pais, e que ingressaram no mercado de trabalho recentemente?
Se importam uma ova! 
Como diria uma candidata que arrastou um bando destes descerebrados para empunhar uma bandeira utópica, que foge do ponto de vista da praticidade e da meritocracia.
Se importam uma ova! Como diria uma candidata que disseminando o ódio às diferenças, fez com que ele se convertesse em caridade pelos desvalidos, num arroubo descabido de demagogia.
“Tão contrário a si é o mesmo amor”, como diria Camões?
Se importam uma ova! 
Pessoas que, mesmo com todo o espírito caridoso demagógico, ainda relutam em colocar o filho na creche do quarteirão de cima, por não achar que o filho estará em boa companhia.
 (Hein?)
Se importam uma ova! 
Aqueles que, mesmo tendo uma escola pública ao lado do seu condomínio de luxo, ainda preferem colocar seus filhos em escolas de grife, com acesso à tecnologia, idiomas e baby-sitters, sempre monitoradas por tablets e smartfones à distância!
Cadê a confiança depositada ‘nos mais humildes’?
Se importam uma ova! 
Aqueles que, sob o argumento tolo de ‘estou fazendo a minha parte’, despejam suas moedinhas nestes cofrinhos de supermercado, que nada mais são do que uma nova forma de pedir esmolas além de calçadões e esquinas de moribundos. Uma mea – culpa por não despender de seu tempo para se aproximar, como deveria,  da caridade que tanto pregam.
Se importam uma ova! 
Aqueles que, depois de encherem a sacola nos shoppings, simplesmente depositam seus cupons fiscais em urnas para instituições de caridade. 
Ah! Mas eu não coloco CPF pra que eles dêem pra instituição. Tenho pena das criancinhas!
Estas pessoas, quase sempre prontas a repetir um mantra ditado por líderes insanos alçados a uma quase divindade,  não perdem seu tempo para conhecer um orfanato, um lar de idosos, uma instituição de renais crônicos, um sanatório para doentes mentais.
(Eu fazer isso? Deixe que outros façam! Cada um contribui como pode. Eu faço a minha parte).
Antes preferem pegar um mísero carnê para, com o que sobra da rapa de sua carteira de grife, destinar aos que precisam. 
Pensam que desta forma, vão tornar o seu sono mais tranquilo, embalando-se em camas king size, com lençóis de inúmeros fios, travesseiros com penas de ganso, ar condicionado e música ambiente adequada.
Se importam uma ova! 
Estes que esbravejam nas redes sociais, batendo no peito, dizendo que estão procurando um mundo melhor para a geração que virá.
A geração que virá,  se vier destes, será hipócrita na mesma proporção e a preocupação com o outro ficará só no discurso disparado de celulares ‘último tipo’ e, preferencialmente, do interior de carros com vidros pretos e blindados da realidade que os cerca pelos semáforos.
Mesmo assim, há que se reconhecer o serviço prestado por estes intelectuais de revistinhas de fofoca, compradas em bancas por 1 e 99:
Parabéns por terem concluído com louvor o “Curso Intensivo de Comunista em 3 meses".
Parabéns por acharem que estão mudando o país com apenas 2 botões.


Se importam uma ova!

É isso.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O Facebook é a maior arquibancada do Brasil

Olá, pessoas!

O Facebook é a maior arquibancada do Brasil.

Noutros tempos, uma galera tomaria as ruas, mendigando 20 centavos, gritando palavras de ordem, exigindo seus direitos garantidos pela Constituição.
Mas o tempo passa e, como diria Belchior, 'o passado é uma roupa que não nos serve mais', e o chique agora, não é usar roupas de marca, se equilibrar em sandálias de sola vermelha ou fazer biquinhos pra câmera do celular último tipo.
A moda agora é outra: é fingir uma intelectualidade, geralmente adquirida em programas ligados ao futebol, à culinária matinal ou no pseudo júri das histrionices da bonequinha de luxo tupiniquim Claudinha Leite no seu programa de novos talentos.
É com esta mesma intelectualidade que os assuntos políticos vão sendo discutidos numa arrogância típica de quem segura um copo de pinga na porta de um bar e, olhando para o seu colega com desdém, empina o nariz, solta uma baforada daquela fumaça de um cigarro sem filtro e tosse opiniões a respeito da classe alta, média alta, baixa alta, alta baixa, baixa média...E depois disso, bate o copo no balcão.
Outros, mais preocupados com 'o social' vão sonhando um mundo melhor, pregado por um insano que, durante o horário eleitoral (que competiu ferozmente com os piores programas de humor) disse que a utopia era possível, apontando o dedo para 'a sociedade injusta e capitalista'.
Este é o país que temos pra hoje.
O país do ovo frito.
O país do retalho de mortadela.
O país que construímos à base da destruição do amor ao próximo, dos princípios e dos valores.
O país que estudou Política e Sociedade com uma dedicação honrosa de três meses!
Um país de gente que nem lê a matéria e já vai curtindo e compartilhando o link na sua linha do tempo, achando que 'está fazendo a sua parte'.
Um país que, buscando uma falsa igualdade, foi dividindo, aos poucos e sorrateiramente, a sociedade em fatias de brancos, pretos, índios, homens, mulheres, gays, lésbicas, transgêneros, cachorro, gato, galinha, passarinho, sem se preocupar com o mais importante: o RESPEITO À PESSOA HUMANA, independente da sua opinião, crença, orientação/opção sexual, ou seja sei lá mais o quê que inventaram para disseminar o ódio entre as 'classes' e espalhar as fobias.
E assim, vamos caminhando por um túnel que nem sabemos aonde vai dar, mas, afinal, o legal mesmo é seguir 'a modinha', cujo desfecho apoteótico é despejar toda essa indignação cidadã (ha!ha!ha!) numa urna eletrônica e ver na tela a palavra FIM.
Sugestivo, hein?
Que esta nova consciência, que se diz despertada, não seja como o gigante que apareceu por aí dia destes, importunando a todos e dizendo que tinha acordado, quando, no máximo, só espreguiçou.


É isso.