terça-feira, 12 de março de 2013

Escondendo os Bastidores


(nota básica: esta postagem não tem a intenção de  jogar ninguém ‘pra cima’, nem servir como artigo para motivação pessoal ou qualquer presepada que tenha esse fim. Visa apenas e tão somente discutir o porquê algumas pessoas não valorizam o que conseguem e diminuem o valor de suas conquistas em nome de uma ‘falsa modéstia’).

Olá, pessoas!

Ao longo de nossas vivências, vamos percebendo que o ser humano não valoriza como deve as suas conquistas.
Ao conversar com uma pessoa que julgamos ser bem-sucedida e elogiá-la por algum feito, logo vemos que ela muitas vezes não se sente como tal. Seja para não despertar inveja, seja para não alardear os próprios feitos, ela sempre tenta apequenar as razões do elogio.
Para sermos mais diretos, melhor citarmos algumas situações e as desculpas dadas por certas pessoas:
- compra de um carro novo: é sempre precedida de 'Ah! Mas você não viu o tamanho do boleto!';
- promoção no emprego: 'mas o serviço aumentou muito e o chefe não é fácil';
- serviço bem executado: 'é, cara! Mas deu um trabalho danado. Nem sei como consegui';
- voltando de um cruzeiro: ' fiquei enjoado de tanto balançar e não dá nem pra conhecer nada em terra.' Ora! Fosse de jipe!
- uma nova oportunidade de trabalho: 'Nem sei se vou encarar mais essa. Cansa a gente';
- 'Parabéns pela casa nova.': contra-argumento: "É, cara, mas dá um trabaaaalhooo!"
- chegada de um filho: 'Agora que a gente vai ver o que é bom pra tosse'.
Conquistar novas oportunidades, seja no trabalho ou na vida particular, deveria ser motivo de comemoração. Não precisa dar uma festa para cada uma destas conquistas, mas desvalorizá-las se torna até nonsense.
É certo que nos esforçamos muito em busca de um objetivo, que muitas vezes esse esforço não mostra o resultado que esperávamos, mas cada conquista, por menor que seja ou possa parecer, já é um avanço. Tirar-lhe o valor pode fazer com que nos desanimemos para próximas ações e fiquemos apenas na expectativa de algo que nunca vamos alcançar.
Penso que é exatamente deste mal que padece o Cinema Brasileiro: quando acompanhamos algumas produções nacionais – tirando as chatices do denominado sitcom – vemos só sofrimento, só desespero, só agonia. Quando muito, um sorriso amarelo antes de subirem os créditos.
É o cinema mostrado do avesso, do lado mais depreciativo, de uma forma que não encanta e enche os olhos. Ficamos sentados no sofá, apáticos, apenas observando as mazelas dos personagens sofridos em mais uma ação que se revelará desoladora.
Já nos filmes americanos, o sofrimento visa uma atividade-fim e não simplesmente o sofrimento pelo sofrimento.
Steven Spielberg, quando se aventurou a fazer “ A Lista de Schindler “ foi interrogado pelo motivo de o filme ser em preto e branco. O diretor argumentou que 'a vida é colorida, mas a realidade é em preto e branco'. Não obstante a isso, levou o Oscar de melhor filme entre outros e que, apesar de ter as agruras dos judeus como pano de fundo, mostrava o empenho de um empresário de livrar outros seres humanos daquela situação que marcou a História.
Ou seja, não era o bastidor pelo bastidor.
Valorizar aquilo que se alcançou, pode abrir portas para algo maior, quando não precedido de reclamações intermináveis.
É isso.