domingo, 10 de junho de 2012

Pipoca e Amor Virtual


Olá, pessoas!

No livro "Manual do Amor - Encontre sua cara metade e Seja Feliz" a autora Cláudya Toledo em linhas gerais coloca que a falta de tempo faz com que cada vez mais pessoas recorram à internê para buscar uma pessoa que a complete e consequentemente a faça feliz.
Desconsidere-se aqui toda a análise feita por Carl Jung quanto a individuação, cujo sumário é 'seja completo antes de querer completar alguém' (sic).
Some-se à falta de tempo, uma questão muito difícil de ser esclarecida na cabeça de quem procura alguém para conviver: como conhecer o outro?
Com isso, sites de relacionamento especializados em serem cupidos disponibilizam todas as características, não só físicas como também emocionais e intelectuais do candidato ou pretendente. De posse dessas informações, basta clicar e começar a correspondência, primeiro online e depois presencial.
O mercado para este tipo de serviço atende a uma demanda crescente. Vale ressaltar que há um preço para tudo isso, afinal, não se ajuda alguém a ser feliz com intuitos apenas filantrópicos.
Tempos modernos? Novas formas de se relacionar?
Pois bem.
Não sou avesso de forma alguma à tecnologia, pois sou usuário de controle-remoto, smartphones, notebooks ou outras traquitanas tecnológicas, sou adepto do touch-screen e ainda sonho com um mundo wi-fi ou bluetooth (pois ainda equacionei por quê tenho que conectar 3 fios a um módulo para obter uma 'conexão sem fio') mas não sei se recorreria a tecnologia para encontrar alguém, pois acho que a questão do relacionamento não se resolve com um clique.
Afinal, não procuramos outra pessoa para nos relacionar no mundo real, compartilhar do nosso cotidiano, dividir com ela nossas forças, fraquezas, expectativas, sonhos?
Como é que vamos confiar aos meios tecnológicos uma tarefa tão particular, tão minuciosa quanto conhecer alguém para levar uma vida?
Sabe-se por pesquisas que todos nós temos uma preocupação com a preservação da autoimagem, ou seja: sempre nos pintamos bem diferente do que realmente somos. Então, quem garante que não vamos superestimar um perfil virtual, colocando qualidades que não temos ou tempo de que não dispomos para ter alguém a nosso lado?
Será que, ao comprar um perfil virtual para nos relacionar, não estamos perdendo a chance de conhecer o outro por completo, do jeito que ele realmente é?
E com relação ao tempo? Será que quando conseguirmos alguém (virtual) vamos arrumar também momentos para ficar junto desse alguém (real)?
Será que, ao adquirirmos um perfil via internê, que não nos satisfaça na vida real, não iremos voltar a clicar para conseguir outro alguém adequado? E o diálogo? Como é que fica nestas horas?
Me recordo que, tempos atrás, era moda 'ir morar com o outro para ver se ia dar certo'. Ocorria que, após este 'live-drive', muitos se decepcionavam e voltavam para o lugar de origem e se frustravam com esse tipo de atitude, afinal 'juntar escovas' não é tarefa para qualquer um. Quem se empreende numa empreita como estas, sabe que a liberdade consiste também em respeitar a liberdade do outro (citando Rosa Luxemburgo).
Nada nos muda tanto quanto a convivência.
Um relacionamento é feito de pessoas reais, com acontecimentos reais e com vivências reais.
Ao procurarmos 'a cara-metade' pela internê, corremos o risco de namorarmos, noivarmos, casarmos com um avatar que nada tem a ver com aquilo que realmente procuramos e esperamos encontrar para compartilhar bons e maus momentos.
Perfis virtuais costumam ser bem diferentes dos perfis reais...
Amor num clique pode dar certo sim, mas só se for na telona, que muitas vezes compartilhamos com uma pessoa real ao nosso lado comendo pipoca e tomando refrigerante.
É isso.

Um comentário:

Glauco disse...

Nada contra esse tipo de serviço pela internet, mas existem coisas como o contato humano e a fase de se conhecer que não dá para trocar pelo mundo virtual