Olá, pessoas!
No livro "Manual do Amor - Encontre sua cara metade e Seja Feliz" a autora Cláudya Toledo em linhas gerais coloca que a falta de
tempo faz com que cada vez mais pessoas recorram à internê para buscar uma
pessoa que a complete e consequentemente a faça feliz.
Desconsidere-se aqui toda a análise feita por Carl Jung
quanto a individuação, cujo sumário é 'seja completo antes de querer completar
alguém' (sic).
Some-se à falta de tempo, uma questão muito difícil de ser
esclarecida na cabeça de quem procura alguém para conviver: como conhecer o
outro?
Com isso, sites de relacionamento especializados em serem
cupidos disponibilizam todas as características, não só físicas como também
emocionais e intelectuais do candidato ou pretendente. De posse dessas
informações, basta clicar e começar a correspondência, primeiro online e depois
presencial.
O mercado para este tipo de serviço atende a uma demanda
crescente. Vale ressaltar que há um preço para tudo isso, afinal, não se ajuda
alguém a ser feliz com intuitos apenas filantrópicos.
Tempos modernos? Novas formas de se relacionar?
Pois bem.
Não sou avesso de forma alguma à tecnologia, pois sou
usuário de controle-remoto, smartphones, notebooks ou outras traquitanas
tecnológicas, sou adepto do touch-screen e ainda sonho com um mundo wi-fi ou
bluetooth (pois ainda equacionei por quê tenho que conectar 3 fios a um módulo
para obter uma 'conexão sem fio') mas não sei se recorreria a tecnologia para
encontrar alguém, pois acho que a questão do relacionamento não se resolve com
um clique.
Afinal, não procuramos outra pessoa para nos relacionar no
mundo real, compartilhar do nosso cotidiano, dividir com ela nossas forças,
fraquezas, expectativas, sonhos?
Como é que vamos confiar aos meios tecnológicos uma tarefa
tão particular, tão minuciosa quanto conhecer alguém para levar uma vida?
Sabe-se por pesquisas que todos nós temos uma preocupação
com a preservação da autoimagem, ou seja: sempre nos pintamos bem diferente do
que realmente somos. Então, quem garante que não vamos superestimar um perfil
virtual, colocando qualidades que não temos ou tempo de que não dispomos para
ter alguém a nosso lado?
Será que, ao comprar um perfil virtual para nos relacionar,
não estamos perdendo a chance de conhecer o outro por completo, do jeito que ele
realmente é?
E com relação ao tempo? Será que quando conseguirmos alguém
(virtual) vamos arrumar também momentos para ficar junto desse alguém (real)?
Será que, ao adquirirmos um perfil via internê, que não nos
satisfaça na vida real, não iremos voltar a clicar para conseguir outro alguém
adequado? E o diálogo? Como é que fica nestas horas?
Me recordo que, tempos atrás, era moda 'ir morar com o outro
para ver se ia dar certo'. Ocorria que, após este 'live-drive', muitos se
decepcionavam e voltavam para o lugar de origem e se frustravam com esse tipo
de atitude, afinal 'juntar escovas' não é tarefa para qualquer um. Quem se
empreende numa empreita como estas, sabe que a liberdade consiste também em
respeitar a liberdade do outro (citando Rosa Luxemburgo).
Nada nos muda tanto quanto a convivência.
Um relacionamento é feito de pessoas reais, com
acontecimentos reais e com vivências reais.
Ao procurarmos 'a cara-metade' pela internê, corremos o
risco de namorarmos, noivarmos, casarmos com um avatar que nada tem a ver com
aquilo que realmente procuramos e esperamos encontrar para compartilhar bons e
maus momentos.
Perfis virtuais costumam ser bem diferentes dos perfis
reais...
Amor num clique pode dar certo sim, mas só se for na telona,
que muitas vezes compartilhamos com uma pessoa real ao nosso lado comendo
pipoca e tomando refrigerante.
É isso.
Um comentário:
Nada contra esse tipo de serviço pela internet, mas existem coisas como o contato humano e a fase de se conhecer que não dá para trocar pelo mundo virtual
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